METOD. E PRÁTICA DO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA

Curso: Licenciatura em Pedagogia
Identificação: Metodologia e Prática do Ensino da Língua Portuguesa
Carga Horária: 80 h/a  - 1º Semestre de 2016


Ementa 
A disciplina em questão trabalhará no sentido de analisar e refletir sobre os objetivos, conteúdos, metodologia e avaliação de Língua Portuguesa nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental. Nesse sentido, a relação entre objetivos e conteúdos torna-se importante para o encaminhamento correto do processo de avaliação. De igual modo, o tratamento didático do conteúdo é fundamental para se atingir os objetivos colimados. Por último, a análise crítica e compreensiva dos objetivos orientará prática adequada de leitura, produção e revisão de textos articulando os estudos de língua oral e língua escrita. Não se deixará de realçar a importância do domínio da língua pátria como instrumento fundamental ao convívio social e ao progresso e desenvolvimento pessoal. 

OBJETIVOS GERAIS
Proporcionar ao aluno de Pedagogia a habilidade de comunicar-se bem, de modo que domine os processos linguísticos e mecanismos de organização textual para a produção de textos coerentes e coesos. 

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Possibilitar a apreensão de conceitos teóricos sobre o sistema linguístico para o bom desempenho na leitura e produção de textos, bem como, identificar, ler e interpretar diferentes gêneros textuais. 

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Princípios gerais de Linguística;
Linguagem; Sistema, Norma e Fala;
Sintagma, Paradigma e Variações Linguísticas;
Signo, Semiótica e Semiologia;
Processo de Comunicação e Funções da Linguagem;
Concepções de Língua e Gramática;
Texto e Discurso;
Estruturas discursivas (nível superficial e nível profundo do texto);
Seleção lexical, temas e figuras no texto escrito;
Textualidade;
Coesão e Coerência;
Gramaticidade e correção linguística;
Leitura e Produção de Textos.


Metodologia
Os recursos didáticos para o trabalho pedagógico em Língua Portuguesa serão selecionados considerando-se os seguintes aspectos: sua utilização nas diferentes situações de comunicação e as necessidades colocadas pelas situações ensino/aprendizagem; 
Recursos didáticos a serem selecionados: textos, vídeos, livros, jornais, revistas, entre outros. Procedimentos metodológicos: aulas dialogadas; estudo em grupo: pesquisas sobre os tópicos abordados em sala de aula; leitura dirigida, discussões coletivas: apresentações escritas e orais. 

Bibliografia Básica:

BAGNO, M. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 2007. 
CARVALHO, C. Para compreender Saussure. 12ª ed. Petrópolis: Vozes, 2003. 

VANOYE, F. Usos da linguagem: Problemas e técnicas na produção oral e escrita. São Paulo: Martins Fontes, 2007. 



Bibliografia Complementar:

BRASIL, MEC. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa. Brasília: SEF, 1997. 

MARQUES, C. C; MATTOS, M. I.; TAILLE, Y.Computador e ensino: uma aplicação à língua portuguesa. 2. ed. São Paulo: Ática, 2000. 

TERRA, E. Linguagem, língua e fala.2.ed. São Paulo: Scipione, 2009. 

SAVIOLI, Francisco Platão; FIORIN, José Luiz. Lições de texto:leitura e redação (livro do professor). São Paulo: Ática, 1996. 

KOCH, I. G. V. Desvendando os segredos do texto. 6.ed. São Paulo: Cortez, 2009. 



Critérios de avaliação da aprendizagem

A avaliação do aluno se dará através da composição de notas obtidas pela participação dos alunos nas aulas, realização de atividades individuais e/ou em grupos, participação e seminários. 

Avaliação Continuada I e II (AC) (serão realizadas por meio da avaliação das atividades produzidas pelos alunos; das leituras realizadas e pela participação discente nas atividades propostas); 

TGI (Trabalho em Grupo Interdisciplinar). Pesquisa elaborada pelos alunos, em grupo, com orientação dos professores do semestre, para posterior avaliação escrita; 

Avaliação Regimental (AR) (ocorrerá ao final do curso e buscará avaliar se os alunos adquiriram as competências e habilidades planejadas para o curso). O cálculo da média final será obtido da seguinte forma:

[(AC1+AC2) x 0,2] + [TIO x 0,3] + [AR x 0,5]

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Episteme 

Episteme (ie ἐπιστήμη) é o conjunto discursivo de determinado momento histórico.

A episteme não é um conhecimento, nem uma forma de racionalidade, nem tem como objetivo construir um sistema de postulados e axiomas, mas pretende delinear um campo de relações, continuidades e descontinuidades entre práticas discursivas.

A episteme não é uma criação humana, é sim o "lugar" onde o homem é instalado em um local em que conhece e age de acordo com as regras estruturais da episteme. Deste modo, pode-se dizer que as ciências humanas são parte da episteme moderna.

É do conhecimento metodologicamente construída em oposição às opiniões individuais.

Do ponto de vista das ciências da complexidade e de acordo com as teses de Carlos Eduardo Maldonado, episteme, no sentido da filosofia da Grécia Antiga, deve ser concebida como um conceito amplo que poderia referir-se ao estudo de assuntos tão diversos como Matemática, Física, filosofia, e artes. Ou seja, o estudo da episteme era muito mais do que o estudo da ciência ou da filosofia.



Postulado
Postulado é uma sentença que não é provada ou demonstrada, e por isso se torna óbvia ou se torna um consenso inicial para a aceitação de uma determinada teoria.
O postulado não é necessariamente uma verdade muito clara, é uma expressão formal usada para deduzir algo, a fim de obter um resultado mais facilmente, através de um conjunto de sentenças. O postulado é uma proposição que, apesar de não ser evidente, é considerada verdadeira sem discussão.
Muitas vezes o postulado é visto como um sinônimo de axioma, porque tanto um como o outro são aceites sem debate. No entanto, axioma também pode ter outro significado, como na matemática, que pode ser uma hipótese inicial de outros enunciados, ou então uma sentença, proposição ou uma regra que permite a construção de um sistema formal.

Postulado e axioma
A diferença entre axioma e postulado é que o axioma contém evidência em si próprio e por isso não precisa ser demonstrado. Axiomas não podem ser derivados por princípios de dedução e nem são demonstráveis por derivações formais, porque são hipóteses iniciais.
Um postulado é plausível, mesmo que não seja possível demonstrá-lo. Por outro lado, um axioma pode não ser plausível, mas é considerado como uma verdade absoluta.






Círculo vicioso do preconceito linguístico

Esse círculo vicioso se forma pela união de três elementos que, sem desrespeitar meus amigos teólogos, costumo denominar “Santíssima Trindade” do preconceito linguístico. Esses três elementos são a gramática tradicional, os métodos tradicionais de ensino e os livros didáticos.
Como é que se forma esse círculo? Assim: a gramática tradicional inspira a prática de ensino, que por sua [pg. 73] vez provoca o surgimento da indústria do livro didático, cujos autores — fechando o círculo — recorrem à gramática tradicional como fonte de concepções e teorias sobre a língua. Á gramática tradicional, em sua vertente normativoprescritivista, continua firme e forte, como é fácil verificar nos compêndios gramaticais mais recentes. As práticas de ensino variam muito de região para região, de escola para escola, e até de professor para professor, de acordo com as concepções pedagógicas adotadas. A tendência atual, mencionada no início deste livro, à crítica dos preconceitos e ao exercício da tolerância tem tornado o ambiente escolar bastante mais respirável e democrático do que, por exemplo, na época em que estudei, em plena ditadura militar. Como já vimos, a mais alta instância educacional do país, o Ministério da Educação, tem feito esforços louváveis para provocar uma reflexão sobre os temas relativos à ética e à cidadania plena do indivíduo, para estimular uma postura menos dogmática e mais flexível, por parte, pelo menos, das escolas públicas. Os já citados Parâmetros curriculares nacionais reconhecem que existe muito preconceito decorrente do valor atribuído às variedades padrão e ao estigma associado às variedades não-padrão, consideradas inferiores ou erradas pela gramática. Essas diferenças não são imediatamente reconhecidas e, quando são, são objeto de avaliação negativa. Para cumprir bem a função de ensinar a escrita e a língua padrão, a escola precisa livrar-se de vários mitos: o de que [pg. 74] existe uma forma “correta” de falar, o de que a fala de uma região é melhor do que a de outras, o de que a fala “correta” é a que se aproxima da língua escrita, o de que o brasileiro fala mal o português, o de que o português é uma língua difícil, o de que é preciso “consertar” a fala do aluno para evitar que ele escreva errado. Essas crenças insustentáveis produziram uma prática de mutilação cultural [...]1 1 Ministério da Educação e do Desporto (1998): Parâmetros curriculares nacionais, Língua Portuguesa, 5ª a 8a séries, p. 31. Temos ainda de esperar para ver em que medida esses esforços se refletirão na prática quotidiana, efetiva, dos professores em sala de aula. Acompanhando esse movimento, muitas editoras vêm tentando produzir um material didático mais compatível com as novas concepções pedagógicas, e o sistema oficial de avaliação dos livros didáticos, apesar de muito criticado, tem contribuído para uma revisão das formas tradicionais de elaboração desse tipo de livro. 

Vocabulário

com·pên·di·o 
(latim compendium, -ii, poupança, lucro, abreviação, resumo)
substantivo masculino
1. Compilação em que se encontra resumido o mais indispensável de um estudo.
2. Livro escolar.
Sinônimo Geral: MANUAL
Palavras relacionadas: resumo, compendiar, epítome, manual, sumista, cartilha, trigonometria.

pres·cri·ção 
(latim praescriptio, -onis)
substantivo feminino
1. Ordem formal e explícita.
2. Preceito.
3. Indicação, formulário.
4. Receita médica.
5. Ditame.

mor·fo·lo·gi·a 
(morfo- + -logia)
substantivo feminino
1. Estudo das formas que a matéria pode tomar.
2. Aparência externa de um ser vivo. = CONFIGURAÇÃO, FORMA
3. [Gramática]  Parte da Gramática que trata da forma e dos processos de formação das palavras.

ro·ta·cis·mo 
(latim científico rhotacismus)
substantivo masculino
1. Pronúncia deficiente da letra r.
2. [Fonética]  Mudança linguística que consiste na substituição de um som pelo do [r] alveolar, geralmente em posição intervocálica (ex.: há rotacismo na passagem do latim blandus para o português brando).
3. Emprego frequente do som r.


lambdacismo - troca de /r/ por /l/ 


Gramática Normativa ou Prescritiva

A Gramática Normativa ou Prescritiva estabelece normas a serem seguidas. Está ligada ao “certo e errado”, a uma forma que não reflete o código linguístico, afinal é uma lei a ser obedecida. Conforme Travaglia (2001, p.30):

A gramática normativa, que é aquela que estuda apenas os fatos da língua padrão, da norma culta de uma língua, norma que se tornou oficial. Baseia-se em geral, mais nos fatos da língua escrita e da pouca importância a variedade oral da norma culta, que é vista, conscientemente, ou não, como idêntica a escrita. Ao lado da descrição da norma ou variedade culta da língua ( análise de estruturas, uma classificação de formas morfológicas e lexicais), a gramática normativa apresenta e dita normas de bem falar e escrever, normas para a correta utilização oral e escrita do idioma, prescreve o que se deve e o que não se deve usar na língua. Essa gramática considera apenas uma variedade da língua como válida, como sendo a língua verdadeira.
          Então, esse tipo de gramática é o que mais os alunos veem nas escolas, aquela forma tradicional de estudar o conteúdo. Não aceita nenhuma variedade que a língua apresenta. Impõe regras a serem obedecidas, por exemplo: o verbo tem que concordar em gênero e número com o sujeito “Os homens trabalham”. Caso alguém desobedeça a esse segmento e fale “Os homi trabaia”, será visto como uma pessoa ignorante, que fala errado, não segue a concordância adequada. A gramática tradicional não se preocupa com a interação e nem com a variação que ocorre na língua, trabalha apenas com o fator homogêneo.
          A Gramática Tradicional dedica-se exclusivamente a língua escrita e passa a deixar de lado a língua falada. Então, detém as normas de bom uso, a variedade culta, padrão. Despreza a oralidade e outras variedades da língua. Por isso, surgem os preconceitos linguísticos. Segundo Travaglia (2001, p.228):
Os critérios de qualidade de que se vale a gramática normativa são muitas vezes, problemático e com frequência nada tem a ver com a realidade da língua em si e em sua variação. A variedade que é considerada culta é normalmente a das classes sociais de prestigio econômico, político, cultural, etc., não considerando, portanto, a capacidade de qualquer variedade da língua de cumprir uma função comunicacional.
          É necessário que em sala de aula o professor de Língua Portuguesa aprimore-se dos recursos da Gramática Normativa porque mesmo tendo suas desvantagens apresenta também as vantagens. Pois a partir de seu uso o aluno consegue dominar normas, escrever e se expressar melhor. É preciso que o professor não se detenha apenas na GT, mas também em outros tipos de Gramática, bem como: a Descritiva e a Reflexiva, para assim desenvolver um resultado satisfatório enfocando a variação e mudança, com isso excluir os mitos que tem na língua.
          Já a Gramática Descritiva é um estudo da língua sob um olhar mais crítico, incluindo vários elementos. Faz uma descrição da estrutura e do funcionamento da língua, de sua forma e função. Tem a preocupação em descrever, explicar as línguas como elas são faladas. De acordo com Travaglia (2001, p.32):

A Gramática Descritiva é a que descreve e registra para uma determinada variedade da língua em um dado momento de sua existência (portanto numa abordagem sincrônica) as unidades e categorias linguísticas existentes, os tipos de construção possíveis e a função desses elementos, o modo e as condições de usos dos mesmos. Portanto a gramática descritiva trabalha com qualquer variedade da língua e não apenas com a variedade culta e dá preferência para a forma oral desta variedade. Podemos, então, ter gramática descritiva de qualquer variedade da língua.

Idiossincrasia

Idiossincrasia é uma característica de comportamento peculiar de um indivíduo ou de determinado grupo.
O termo tem vários sentidos, variando de acordo com o contexto em que é empregado, sendo também possível ser aplicado para símbolos que significam algo para uma pessoa em particular.
A idiossincrasia é responsável pela criação de estereótipos no caso dos grupos sociais. Por exemplo, dizer que todos os brasileiros gostam de futebol e samba, como uma característica particular do povo, é uma idiossincrasia dos brasileiros.
No entanto, existem brasileiros que não gostam de futebol ou samba e não deixam de ser considerados brasileiros por isso.
Etimologicamente, idiossincrasia surgiu do grego idiosugkrasía, que significa “temperamento particular”.
No âmbito da economia, idiossincrasia faz parte da chamada teoria do portfólio, quando existem riscos de mudanças de preços devido a circunstâncias especiais em determinados casos.
Na religião, idiossincrasia é o comportamento estranho ou diferente do usual das pessoas de determinada doutrina religiosa, por exemplo.
A comédia observacional é muito baseada em idiossincrasias, porque os detalhes de conduta de determinados indivíduos podem ser bastante engraçados.
Idiossincrasia na medicina refere-se ao modo como os médicos definiam as doenças no século XIX, ou seja, cada doença era relacionada com cada paciente, e não em evidências biológica e científicas como é acontece atualmente.
Na psiquiatria, o termo é uma condição mental específica de um paciente, e na psicanálise é usado para se referir ao modo como os indivíduos reagem, percebem e experimentam uma situação comum.
Idiossincrasia e Farmacologia
A idiossincrasia pode estar relacionada com a farmacologia, pois representa uma reação individual particular, perante um agente terapêutico.
Idiossincrasia é uma hipersensibilidade constitucional congênita que certos indivíduos apresentam quando expostos a determinadas substâncias. Por exemplo: o pólen nos indivíduos com predisposição pode provocar a febre dos fenos (reação alérgica).

Sinônimos de idiossincrasia
  • Disposição
  • Condição
  • Temperamento
  • Feitio
  • Comportamento
  • Característica
  • Particularidade
  • Alergia
  • Hipersensibilidade
  • Peculiaridade
  • Índole

Breve concepção sobre
Linguística Textual, texto e contexto
Por Rodrigo Sampaio



A evolução dos estudos diretamente relacionados ao texto – análise transfrásica, gramáticas textuais e teorias do texto –, passou a constituir o principal interesse da Linguística Textual desde o final da década de setenta, época em que o foco desta ciência deixou de ser a competência textual dos falantes e passou a considerar a noção de textualidade como “um modo múltiplo de conexão ativado sempre que ocorrem eventos comunicativos” (BEAUGRANDE e DRESSLER, 1981).

Outras noções da Linguística Textual também devem ser consideradas, tais como o contexto e a interação entre autor, leitor e obra. Juntas, essas noções, além de serem básicas para a comunicação humana, também constituem objetos de estudo da Linguística Textual.



1.Linguística Textual

Houve várias orientações no âmbito dos estudos linguísticos o que gerou diversas propostas metodológicas. Essas propostas podem ser agrupadas em duas tendências: a Análise do Discurso, seguindo a linha francesa, e a Linguística Textual, com origem nos países germânicos, como Alemanha e Países Baixos, ou no Reino Unido, por exemplo.

Um dos temas específicos, dominantes na Análise do Discurso é a interação com outros seres humanos por meio da criação de sentidos, o que chamamos de construção textual. O ser situado em um determinado momento histórico, os sentidos que ele produz e as ideologias que ele subjaz a sua mensagem, o torna participante do ato comunicativo mediante a produção de textos e, como resultado, a produção de sentido sobre o que vai dizer e aonde quer chegar com determinado discurso dentro de um determinado contexto. Vamos esclarecer a seguir um pouco sobre a noção de texto e de contexto que permeiam os estudos relacionados à Lingüística Textual.



2.Texto

A palavra texto tem a sua origem no latim, textum, que significa tecido. Assim como nas roupas e nos tapetes, em que os fios do tecido não estão soltos, dispostos a esmo pelo espaço, há, portanto pontos que os ligam, formando um conjunto de fios entrelaçados que por sua vez formam a blusa ou o cachecol – o mesmo ocorre na produção de texto. Há nele elementos que se ligam e se conectam, dando forma ao produto [texto] conferindo-lhe corpo, estrutura, ou seja, um sentido. Seja um texto oral ou escrito, a noção de sentido só poderá ser determinada pelo processo constante de interação entre a tríade autor-texto-leitor. Portanto um texto pressupõe um leitor/ouvinte, caso contrário o objetivo primordial do texto – a transmissão de conhecimento e/ou estabelecer uma comunicação – não pode ser efetivada.

A produção textual não tem por finalidade única a transmissão de informações com o único objetivo de se estabelecer uma comunicação. Um texto bem redigido pode defender um ponto de vista, vender uma ideia, apresentar uma justificativa, ou seja, dependendo do contexto em que ele foi produzido, por quem, para quem, com qual finalidade, com o objetivo de atingir que tipo de leitor e com que tipo (gênero) de texto, este pode ser interpretado de diversas maneiras ou até mesmo assume um caráter incompreensível, não podendo ser interpretado por um leitor/ouvinte que não esteja de acordo com o contexto em que tal texto foi produzido, ou admite várias interpretações: tudo vai depender das intenções do autor/falante.



3.Contexto

O contexto é um conjunto de condições externas a língua. Expressa o conhecimento de mundo e o repertório lexical do autor/falante que conduz no leitor/ouvinte as intenções do autor aos quais serão necessárias para a produção, para a recepção e para a interpretação do texto. É por meio do domínio e da organização das ideias advindas dos conhecimentos linguísticos, enciclopédicos e interacionais que as informações, as pretensões e as intenções são reveladas e interpretadas e também atendidas.

O conhecimento linguístico compreende o domínio lexical e gramatical do autor/falante no tocante a organização e estilização das suas ideias e conceitos. Quanto às vivências, as experiências vividas pelo falante, ao conhecimento geral que ele possui acerca do mundo, um tipo de thesaurus mental, sempre acompanhado de eventos espaço-temporais, é chamado conhecimento de mundo (ou conhecimento enciclopédico) e também pode – e deve – ser explorado pelo produtor do texto permitindo a construção de sentidos. Finalmente, a interação por meio da linguagem constitui o conhecimento interacional compreendido pela ilocução, ou seja, quais são os propósitos, os objetivos pretendidos pelo produtor do texto em uma determinada situação interacional, pelo conhecimento comunicacional onde se seleciona a variante linguística adequada a cada situação de interação adequando assim o gênero textual a situação comunicativa, pelo conhecimento metacomunicativo, a utilização de vários tipos de ações linguísticas configuradas no texto, e por último pelo conhecimento superestrutural ou conhecimento sobre gêneros textuais, que permite identificar textos que sejam adequados aos diversos momentos da vida social.
O conjunto desses conhecimentos constitui modelos episódicos ou frames. São resultados de experiências do dia a dia determinados espácio-temporalmente generalizando-se na medida em que várias experiências do mesmo tipo tornam-se comuns aos membros de uma mesma cultura ou de um determinado grupo social. Portanto o texto e o contexto são duas faces da mesma moeda.


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O PROCESSO HISTÓRICO DA ESCRITA E SUA IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO DO SUJEITO

Ana Paula Pires Trindade 

Este artigo discorre sobre a evolução histórica da escrita e suas primeiras funções, seguindo para o papel da escrita no contexto atual e sua relação com o sucesso ou fracasso do indivíduo, passando pelo processo de alfabetização e finalmente a importância da escrita na formação do sujeito.



A ORIGEM DA ESCRITA OCIDENTAL

Podemos dizer que uma das grandes “invenções” da humanidade até hoje foi a escrita, que surge a partir da necessidade do homem de criar registros, armazenar dados, enfim, de preservar sua história. Os vestígios mais antigos da escrita são originários da região baixa da antiga Mesopotâmia e datam de mais 5500 anos.Primeiramente a escrita era formada por ideogramas que representavam uma palavra, assim sendo, eram necessários diversos signos pictóricos para representar tantos quantos objetos ou idéias fossem necessários. Numa segunda fase a escrita passa a adquirir valores fonéticos e menos signos são necessários para exprimir as idéias de um idioma. O alfabeto surge a partir da decomposição da palavra em sons simples, o primeiro povo a decodificar as palavras em sons e a criar signos para representá-los foram os fenícios. A escrita então evolui e passa a ser alfabética, e foi o alfabeto fenício arcaico, que surgiu pela primeira vez em Biblos, que deu origem a todos os alfabetos atuais. O alfabeto fenício expandiu-se até o Egito através de colônias fenícias fundadas no Chipre e no Norte da África e do Egito este alfabeto foi expandido para as regiões que não sofriam influências fenícias diretas. O alfabeto fenício arcaico foi o mais perfeito e difundido do mundo antigo e é anterior ao séc. XV a.C. Este alfabeto era constituído de 22 signos que permitiam escrever qualquer palavra e se popular e sua expansão foi rápida devido à sua simplicidade. Um fato importante para a nossa civilização foi a adoção deste alfabeto pelos gregos em aproximadamente VIII a.C. Os gregos incorporaram neste alfabeto alguns sons vocálicos, e o alfabeto grego clássico que conhecemos é composto de 24 letras, vogais e consoantes. Deste alfabeto origina-se o alfabeto etrusco que junto com o alfabeto gótico da Idade Média (também originário do alfabeto grego clássico) dá origem ao nosso alfabeto latino, que dominou o mundo ocidental devido à expansão do Império Romano.



A ESCRITA E O FRACASSO ESCOLAR

A escrita surgiu quando o homem passou de nômade para sedentário e começou a cultivar seu alimento e criar animais, ou seja, o homem precisava de um recurso para registrar o número de animais que possuía, quanto alimento havia estocado. Mais tarde a escrita foi utilizada para registrar os dias do ano (calendário), posteriormente começou-se a usar a escrita para registrar grandes feitos, batalhas, tratados, proclamações de governantes, casamentos, empréstimos, orações, e assim por diante. Não era necessário que pessoas comuns dominassem a escrita, pois seus ofícios não exigiam tal conhecimento. Mais tarde obras literárias começavam a ser registradas e pessoas de classe mais alta também aprendiam a ler para ter acesso a tal conhecimento ainda assim dominar ou não a escrita não fazia diferença para a maioria das pessoas. No final do século XVIII ocorrem mudanças drásticas em nossas sociedade, a revolução industrial e seus avanços tecnológicos diminuem as pequenas oficinas e dão lugar a produtos fabricados em massa, acabando com a classe de artesãos e trabalhadores rurais e dando lugar a uma classe de operários, que eram explorados até o fim da vida. Numa tentativa de melhorar a situação e o perfil da população no final do século XIX é instaurada a escolaridade obrigatória e é a partir deste momento que aquisição da escrita passa a ser sinônimo de sucesso. Até o final do século XIX e início do século XX, a sociedade possuía uma hierarquia social bem definida, e não conhecimento da escrita (analfabetismo) não era considerado uma deficiência, pois todos podiam ter acesso a ofícios que permitiam que a pessoa tivesse uma vida bem sucedida gerando conforto para si e suas famílias. Nos dias de hoje o não conhecimento da leitura e da escrita (analfabetismo) é sinônimo de fracasso escolar e conseqüentemente do fracasso do indivíduo como ser social, uma vez que nos padrões da sociedade atual é somente através da escolaridade que a pessoa poderá vir a “ser alguém” ou seja, ter acesso a cultura, dinheiro, poder e felicidade.



A AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA

A escola funciona baseada no código escrito e sendo a instrução escolar o pré-requisito necessário para o sucesso do indivíduo, a primeira coisa que criança aprenderá ao ingressar na escola será a ler e a escrever, e este será o enfoque durante os primeiros anos da vida escolar da criança, uma vez que para desenvolver-se no ambiente de ensino necessita dominar o código escrito. Dadas as informações acima é importante salientar a importância da alfabetização na vida social do indivíduo. Segundo Emília Ferreiro, “O que acontece no primeiro ano da escola tem reflexos não apenas na alfabetização, mas na confiança básica que cerca toda a escolaridade posterior.” A criança inicia o aprendizado do aspecto formal da escrita com aproximadamente 3 ou 4 anos e esse processo segue até aproximadamente 10 anos, durante esse período a criança passa por algumas etapas de desenvolvimento da linguagem escrita as quais serão descritas abaixo. Primeiramente a criança passa pela fase pré-silábica ou pré-comunicativa, essa fase acontece quando a criança tem de 3 a 4 anos, é quando ela começa a distinguir a escrita do desenho e começa querer escrever. Quando começa a escrita se parece com rabiscos e num segundo momento aparecem as letras e os números, mas não diferencia uns dos outros e não associa a escrita com a fala. Numa segunda fase chamada de silábica ou semifonética, a criança já sabe que a escrita está relacionada coma fala e cada letra representará um som para ela e lentamente aparecerá o valor sonoro correto das letras. Nesta fase a criança tem de 5 a 6 anos. A terceira fase, quando a criança tem de 6 a 7 anos, a escrita representa a fala com diferenças sonoras, compondo vogais e consoantes. Esta fase chama-se alfabética ou fonética. Quando a criança chega aos 8 anos, geralmente na 2ª série do ensino fundamental, ela começa a adquirir padrões ortográficos, morfológicos e visuais. Esta fase é chamada de transicional. Finalmente aos 10 anos, durante a fase ortográfica correta, o aluno já domina regras básicas de ortografia, sinais de acentuação, grupos consonantais, e começa a acumular o vocabulário aprendido. Após este árduo e longo processo de alfabetização, a criança começa a produzir frases, ampliar o seu vocabulário, utilizar sinônimos, mas somente a aquisição da linguagem escrita não garante o sucesso na escola nem na vida do indivíduo ele precisa dar significado a tudo que aprendeu. Porém, para a sociedade atual não basta que o indivíduo reconheça e reproduza os signos que formam a palavra, pois isoladas e fora de contexto não bastam. É necessário que a criança e o adolescente sejam capazes de compreender e interpretar textos, bem como, produzir textos próprios.



O PAPEL DA ESCRITA NA FORMAÇÃO DO SUJEITO

Se a princípio a escrita era utilizada somente para o registro de informações importantes e era reservada a uma elite seleta, nos dias de hoje seu papel é completamente diferente e é pré- requisito básico na formação do ser. O papel da escrita na formação do sujeito é muito mais profundo do que se pensa. É a porta de entrada para a cultura, saber tecnológico, científico, erudito,etc. Além de sua função básica utilizada no dia-a-dia, como ler nome de ruas, de ônibus, consultar listas, telefones, rótulos de produtos, revistas, jornais. A leitura também é um meio de comunicação entre as pessoas é através dela que as pessoas se comunicam por cartas, e-mails, telegramas, etc. Sem um conhecimento básico da leitura e da escrita o indivíduo fica fadado ao trabalho braçal (sem desmerecer este tipo de emprego, que é tão digno quanto todos outros), que é temor da maioria dos pais atualmente. A escrita é um fator eliminatório na hora da busca por qualquer emprego. Saber decodificar o código escrito, ou seja, ler é muito mais que atribuir significados a palavras isoladas, resumindo-se a um processo mecânico. O ato de saber ler como patamar para atingir o sucesso implica em construir conhecimento, gerar reflexões e desenvolver uma consciência crítica sobre o que é lido. É através da leitura e interpretação de textos que se compreende os direitos e os deveres reservados às pessoas dentro da sociedade, que é possível apropriar-se de bens culturais, que se preserva e dissemina-se a história e os hábitos de um povo ou povos e como conseqüência, é também através da escrita e da leitura que são transmitidos valores, sociais, morais e culturais de uma geração a outra. A leitura também porta prazer ao sujeito, pois através da literatura (seja comédia, romance, aventura, suspense, etc), é ativada a sua sensibilidade e em alguns casos a sua criatividade, pois quando lemos imaginamos cenários, personagens e situações. É a literatura que desperta a produção de textos nos alunos, pois escrever e tomar o caminho oposto, imaginar primeiro e transcrever depois. Então, é de fundamental importância que a escola ensine aos alunos, não somente o aspecto formal da escrita, mas também como fazer bom uso dela e o porquê da sua importância. Os professores (sejam eles de qualquer disciplina, uma vez que a escrita e leitura são o canal principal da aquisição do conhecimento) devem estimular os alunos a compreender textos, interpretá-los, e a levantar hipóteses sobre eles. Além disso deve-se incentivar os alunos a usar a criatividade e desenvolver seus próprios textos, sejam eles sobre qualquer assunto. Somente desta maneira o aprendizado da escrita se dá por completo e funciona como alavanca para o sucesso em diversas áreas e desta maneira não se torna um processo maçante, mecânico e sem propósito. 



BIBLIOGRAFIA

CARVALHO, Denise Maria. Usos e funções da escrita: O saber da criança e o fazer da escola. http://www.educacaoonline.pro.br/usos_e_funcoes.asp, capturado em 07/06/2005 16:54:54
CONDEMARIN, Mabel; CHADWICK, Mariana; Escrita criativa e formal. Porto Alegre: Artes Medicas, 1987.
CORDIÉ, Anny. Os atrasados não existem: psicanálise de crianças com fracasso escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
FERREIRO, Emília. Reflexões sobre a alfabetização. São Paulo: Cortez, 2000.
GERALDI, João Wanderley (org.) O texto na sala de aula: leitura e produção.São Paulo, Ática, 1999.
HIGOUNET, Charles. História concisa da escrita. São Paulo: Parábola, 2003.
PEDROSA, Maria da Graça Silva Pedrosa A apropriação da palavra escrita como condicionante do sucesso escolar num um enfoque psicanalítico. Parte da monografia apresentada como conclusão do Curso Psicanálise, Infância e Educação, realizado na faculdade de Educação da USP/ LEPSI no ano de 2002.

Campos lexicais e semânticos
Por Ana Paula de Araújo

Por não estarem devidamente diferenciados ou definidos, os conceitos de campo semântico e campo lexical frequentemente são confundidos. Tanto o campo semântico quanto o campo lexical são utilizados pela lingüística textual a fim do melhor e mais adequado uso das palavras da língua portuguesa.

Para entendê-los melhor propomos alguns esclarecimentos e algumas conceituações:

Léxico é o conjunto de palavras pertencentes a determinada língua. Por exemplo, temos um léxico da língua portuguesa que é o conjunto de todas as palavras que são compreensíveis em nossa língua. Quando essas palavras são materializadas em um texto, oral ou escrito, são chamadas de vocabulário. O conjunto de palavras utilizadas por um indivíduo, portanto, constituem o seu vocabulário.
Nenhum falante consegue dominar o léxico da língua que fala, já que o mesmo é modificado constantemente através de palavras novas e palavras que não são mais utilizadas. Além de possuir uma quantidade muito grande de palavras, o que impossibilita alguém de arquivar todas em sua memória.
O campo lexical, por sua vez é o conjunto de palavras que pertencem a uma mesma área de conhecimento, e está dentro do léxico de alguma língua.

São exemplos de campos lexicais:

  • o da saúde: estetoscópio, cirurgia, esterilização, medicação, etc.
  • o da escola: livros, disciplinas, biblioteca, material escolar, etc.
  • o da informática: software, hardware, programas, sites, internet, etc.
  • o do teatro: expressão, palco, figurino, maquiagem, atuação, etc.
  • campo lexical dos sentimentos: amor, tristeza, ódio, carinho, saudade, etc.
  • campo lexical das relações inter-pessoais: amigos, parentes, família, colegas de trabalho, etc.

Semântica é o estudo do significado, no caso das palavras, a semântica estuda a significação das mesmas individualmente, aplicadas a um contexto e com influência de outras palavras.
O campo semântico, por sua vez, é o conjunto de possibilidades que uma mesma palavra ou conceito tem de ser empregada(o) em diversos contextos. O conceito de campo semântico está ligado ao conceito de polissemia.
Uma mesma palavra pode tomar vários significados diferentes em um mesmo texto, dependendo de como ela for empregada e de que palavras a acompanham para tornar claro o significado que ela assume naquela situação.

Por exemplo:

  • conhecer: ver, aprofundar-se, saber que existe, etc.
  • bacia: utensílio de cozinha, parte do esqueleto humano.
  • brincadeira: divertimento, distração, passa-tempo, gozação, piada, etc.
  • estado: situação, particípio de estar, divisão de um país, etc.

O campo semântico pode também ser o conjunto das maneiras que são utilizadas para expressar um mesmo conceito.

Exemplos:
Campo semântico em torno do conceito de morte: bater as botas, falecer, ir dessa para a melhor, passar para um plano superior, falecer, apagar, etc.
Campo semântico em torno do conceito de enganar: trapacear, engabelar, fazer de bobo, vacilar, etc.
_______________________________________________

Dicotomias saussureanas

Nos estudos linguísticos que Ferdinand de Saussure ministrou entre 1907 e 1910 na Universidade de Genebra, que acabaram sendo compilados por dois de seus alunos no notório livro Curso de linguística geral, diversas dicotomias são utilizadas na construção de uma ciência que viria a ser a Linguística.

As Dicotomias
Entre 1907 e 1910, Saussure ministrou três cursos sobre linguística na Universidade de Genebra. Em 1916, três anos após sua morte, dois de seus alunos, Charles Bally e Albert Sechehaye, com a colaboração de A. Ridlinger, compilaram as anotações de alunos que compareceram a estes cursos e editaram o Curso de Linguística Geral, livro seminal da ciência linguística.[1]

Sincronia X Diacronia
Sincronia: do grego ‘syn’ (″juntamente″) + chrónos (“tempo”): ao mesmo tempo Diacronia: do grego ‘dia’ (″através″) + chrónos (“tempo”): através do tempo

Ferdinand de Saussure enfatizou uma visão sincrônica, um estudo descritivo da linguística em contraste à visão diacrônica do estudo da linguística histórica, que é o estudo da mudança dos signos no eixo das sucessões históricas (através do tempo), e era a forma como o estudo das línguas era tradicionalmente realizado no século XIX. Com tal visão sincrônica, Saussure procurou entender a estrutura da linguagem como um sistema em funcionamento em um dado ponto do tempo (recorte sincrônico), para além do processo histórico-temporal de mudanças.

Língua X Fala
Em sua teorização, Saussure também efetua uma separação entre língua e fala. Para ele, a língua é uma construção coletiva, um sistema de valores que se opõem uns aos outros e que está depositado, como produto social, na mente de cada falante de uma comunidade. Assim, a língua possui homogeneidade e não varia entre os sujeitos de um grupo linguístico-social, estando capacitada a ser o objeto do estudo linguístico. Já a fala, para Saussure, é um ato individual e está sujeito a fatores externos, muitos desses não linguísticos e, portanto, não passíveis de análise científica.

Significante X Significado
O signo linguístico constitui-se numa combinação de significante e significado, como se fossem dois lados de uma moeda.

O significante do signo linguístico é uma "imagem acústica" (cadeia de sons). Consiste no plano da forma.
O significado é o conceito, reside no plano do conteúdo.
Conjuntamente, o significante e o significado formam o signo.

Sintagma X Paradigma
Saussure define o sintagma como “a combinação de formas mínimas numa unidade linguística superior”, que surge a partir da linearidade do signo. Essa linearidade exclui a possibilidade de pronunciar dois elementos ao mesmo tempo: um termo só passa a ter valor a partir do momento em que ele se contrasta com outro elemento. Já o paradigma é, como o próprio autor define, um "banco de reservas" da língua, fazendo com que suas unidades se oponham, pois uma exclui a outra.

Referências
PIETROFORTE, Antonio Vicente. A língua como objeto da Lingüística. In FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Lingüística. I. Objetos teóricos. 3ª edição.

Significado de Texto
Em linguística, a noção de texto é ampla e ainda aberta a uma definição mais precisa. Grosso modo, pode ser entendido como manifestação linguística das ideias de um autor, que serão interpretadas pelo leitor de acordo com seus conhecimentos linguísticos e culturais. Seu tamanho é variável.






Os 10 Pecados Mortais de uma Narrativa

https://www.algosobre.com.br/redacao/os-10-pecados-mortais-de-uma-narrativa.html


1. Uso e mau uso das palavras


Você sabe muito bem que as palavras funcionam como matéria-prima para a construção de qualquer texto. No entanto, elas também são como uma faca de dois gumes, fique atento.

Um defeito que um bom texto jamais deverá apresentar é a repetição de palavras sem fins estilísticos. Claro que não estamos falando de repetições intencionais como as anáforas, por exemplo, mas daquele tipo que desgasta a narrativa e empobrece, inclusive, seus significados. Veja o exemplo:

"A menina esteve sentada ali durante toda a tarde. Coitada da menina, não sabia que a consulta duraria tanto e que sua mãe ficaria, então, preocupada. A menina pediu para telefonar e falou com a mãe, explicando-lhe a demora."

Dica: procure substituir os nomes por pronomes quando perceber que você repetiu muito a mesma palavra.

2. Uso de clichês


Nada mais devastador do que o clichê, entendendo-se como clichê as repetições de expressões, ideias ou palavras que, pelo uso constante e popularizado, nada mais significam.

Exclua de sua redação narrativa as expressões:

"lindo dia de sol", "abraço cheio de emoção", "beijo doce", "ao pôr-do-sol", "faces rosadas", "inocente criança", "Num belo domingo de Primavera...", "família unida", "uma grande salva de palmas", "paixão intensa".

Estes são apenas alguns exemplos, claro. E depende da sensibilidade de cada um para captar os desgastes que as palavras e expressões possuem.

3. Falta de coerência interna


Outro aspecto também muito desgastante: levando-se em conta que uma narrativa é uma sucessão de acontecimentos que ocorrem em tempo e espaço determinados, que envolvem ações feitas e recebidas pelas personagens, é interessante que jamais percamos a coerência interna.

Precisamos ter atenção na construção do texto narrativo, a fim de que ele, que é como se fosse um tapete num tear, não perca suas qualidades de completude. Deixar pelo caminho situações mal desenvolvidas, circunstâncias mal nomeadas ou esclarecidas dão sempre a ideia de desatenção, pressa ou falta de cuidado com a tessitura do texto. Ele deve sempre parecer um todo verossímil, capaz de convencer quem o leia. Imitação da vida ou ultra-realidade, o texto não pode, a não ser por escolha do autor, como estilo, parecer frágil em alguns aspectos, sem resistência de continuidade.

Mesmo que o tempo seja "cortado" e nele se insiram os flashback, não permita que ele se fragmente e esses fragmentos esgarcem a compreensão do que você imprimiu à sua história.

Dica: lembre-se de que a narrativa é como uma vida, um trecho dela: há circunstâncias que, se retiradas, fazem-na tornar-se = incompleta ou superficial.

4. Ausência de características das personagens

Quando construímos a personagem ou personagens, sabemos que elas devem parecer verdadeiras, criaturas assemelhadas que são aos humanos. Mesmo numa fábula ou num apólogo, em que animais ou coisas são personificados, há uma tendência de caracterizá-las como criaturas do mundo real.
Uma personagem, sobretudo a protagonista, deve ter traços fortes, típicos, particulares. Se você criá-las sem características específicas, não há como ressaltar- lhe os atos e tomá-los significativos na sequência da narração.
Dica: uma boa personagem tem um cacoete qualquer; uma cor de olhos, tiques, manias, gestos (passar a mão no cabelo, estalar os dedos ou balançar a cabeça de um lado para o outro.)

5. Ausência de características espaciais

Outro problema que é muito complicado para quem escreve é a caracterização do espaço onde ocorrem as ações. Muitas vezes, ele sequer existe, como no trecho abaixo:
"Enquanto lá fora chovia intensamente, as crianças pulavam aos berros sobre o sofá da sala."
Quando o corretor lê isso, sem mais nenhuma indicação posterior, o que pode imaginar é um sofá no meio do nada e três crianças pulando sobre ele... uma janela dependurada e lá fora a chuva intensa...
Este aspecto é tão importante que, frequentemente, revela estados de espírito, características psicológicas e intelectuais das personagens.
Dica: não seja excessivamente minucioso, aborde aspectos. Por exemplo: numa narrativa de terror ou suspense, em que uma determinada cena vai se desenvolver no sótão ; ou no porão, é imprescindível que você, em dado momento, indique - e descreva - os caminhos que conduzem a tais lugares.

6. Uso reiterado de adjetivos

Imagine se você lesse um início de narrativa assim:
"Numa linda, perfeita, maravilhosa, fantástica e ensolarada manhã de primavera brasileira, aquela extraordinária jovem de cabelos longos, negros e volumosos abriu a ampla janela para o belíssimo e perfeito jardim..."
Diga a verdade: você aguentaria ler o resto? É evidente que, ao descrever uma personagem ou o ambiente em que ela se encontra, precisaremos da ajuda de adjetivos; mas saiba priorizá-los no uso, evitando abundância desnecessária.
Uso ampliado de adjetivos também desgasta (como no exemplo acima) o texto, banaliza-o e nada acrescenta a ele senão um certo pernosticismo que todos queremos evitar.

7. Escrita circular

Qual é o tamanho correto que se deva dar a um texto narrativo no vestibular? Rigorosamente, não há tamanho exato para nenhum tipo de texto, muito menos os narrativos.
Mas convém não ultrapassar 40 ou 50 linhas para que não incorramos num erro muito significativo: escrever "circularmente", ou seja, repetir, infinitamente repetir, ao redor do mesmo tema, a mesma história ou argumentos como uma espécie de bêbado que fala sempre a mesma coisa.
Escrever circularmente é como andar em círculos, sem que possamos sair do lugar, investindo em algo que é importante para qualquer narrativa: as ações novas que se encadeiam, a peripécia dos acontecimentos, a sequência que nos permita um bom fecho.
Dica: antes de começar a escrever, faça um breve roteiro (não é um resumo) sobre como quer que a história se desenvolva. Ajuda muito e nos auxilia a não nos perdermos em descaminhos.

8. Começo, meio e fim...

Um bom texto narrativo deve seguir esta sequência: começo, meio e fim? Nem sempre. Muita gente, quando escreve, imagina que, para ser compreendido, é preciso ser didático. Errado, pecado mortal.
Não acredite nisso. Uma outra pergunta que se faz muito ao intentar um texto narrativo é se ele pode terminar em "aberto", ou seja, apenas com a sugestão de fecho, aceitando a interferência, a interação com o leitor que pode, de acordo com suas vivências e experiências, "fechá-lo" à sua maneira. Isso é uma boa dica, acredite, para fazer melhor o seu texto.
Experimente, por exemplo, começá-lo pelo clímax, assim você rompe o lugar comum e chama mais a atenção do seu corretor, que tal?

9. Esquecendo uma personagem

Antes de começar o seu texto, lembre-se de ler com atenção todas as recomendações do enunciado e não se esquecer de qualquer recomendação. Sobretudo quando se trata de criar um determinado tipo de personagem. Se o enunciado pedir a você que crie um detetive, uma mulher que lê mãos, um homem misterioso de chapéu, tais pedidos, certamente, fazem parte fundamental do que se pretende da narrativa.
Pior do que isso é começar a narrar e, após citar uma personagem, esquecê-la, deixá-la de lado, não trazê-la ao fio da história para que se desenvolva plenamente.
"Esquecer" uma personagem é ato narrativo imperdoável.

10. Esquecendo uma ação

Por fim, nada pior que esquecer uma ação exigida pelo enunciado.
Quando ele pede um determinado componente acional,melhor prestar muita atenção e dar um contorno de relevância a isso. Normalmente, o enunciado destaca o que pede como imprescindível.
E antes de passar a limpo a redação, vá ao rol de exigências e confira se cumpriu todos os itens.
Há duas coisas que dão nota zero na hora de elaborar o texto: fugir do modal, trocá-lo (pede-se, por exemplo, uma narração e você faz uma dissertação..). A outra é esquecer os itens do enunciado, descumpri-los ou relegar exigências fundamentais a circunstâncias secundárias.











Aprenda a falar cearencês com elenco do filme "Cine Holliúdy"

Mariane Zendron
Do UOL, em São Paulo14/11/201308h48

No filme "Cine Holliúdy", mulher bonita é "espilicute", arrumar aquela confusão é "botá boneco" e quando uma coisa é rebuscada, é "chei dos leruaite". O protagonista Francisgleydsson (Edmilson Filho) ainda garante: "É um filme chibata e pra lá de joiado, macho!". Não entendeu? Edmilson com a ajuda do cantor e agora ator Falcão e da atriz Miriam Freeland ensinam o "cearancês", dialeto adotado no filme de Halder Gomes, que chega aos cinemas do sudeste no dia 15 de novembro.
"No Ceará, a gente fala o português, mas o cearencês é a língua predominante. Não queria contar uma história sem essa verdade. Muitas pessoas querem transformar o Brasil em uma identidade só, e não é. Vivemos em um país com uma diversidade cultural imensa, a ponto de cada lugar ter sua língua própria", diz o diretor.
O filme resgata a história dos cineminhas mambembes do interior do Ceará, nos anos 1970, que se viram numa situação de risco com a chegada da televisão. Francisgleydsson e sua família lutam para manter viva a sétima arte com suas películas e seu projetor já capenga, buscando cidades que ainda não foram invadidas pelo temido televisor. "Tudo o que acontece ali eu vivenciei", disse o diretor ao UOL. "É um filme que poderia ter um olhar triste se fosse contado por um adulto, mas eu decidi contar a partir das minhas memórias de criança", contou Gomes.

Veja outras expressões em cearencêsPai D´Égua: Porreta, legal, bacana
É o Novo!: Diz-se quando algo ou alguém é muito velho
Papôco: Estrondo
Cangapé: chute
Mungango: brincadeira
Tenha nervo: Tenha paciência
To pebado: Dancei, me lasquei

Como o forte do filme é seu dialeto, a maioria do elenco é formada por cearenses, mas uma carioca decidiu se aventurar na trama: Miriam Freeland, que vive Maria Das Graças e mulher de Francisgleydsson. "Perguntei ao diretor por que ele não escolheu uma atriz cearense, mas entendi que ele queria encontrar uma equilíbrio no meio da 'fuleragem' (bagunça) daqueles homens", explicou ela, mostrando que ainda não esqueceu o dialeto. A atriz contou muito com a ajuda dos colegas de elenco. "Eu pedia para que eles me corrigissem caso estivesse falso. A pior coisa seria pagar mico no meio do elenco quase todo cearense".
O filme arretado já chega no sudeste com uma marca de 446 mil espectadores, número alto para um filme com orçamento de R$ 1 milhão. Há 15 semanas em cartaz no Ceará, longa é o mais visto de todos os tempos no estado. "Bateu 'Titanic' com apenas 10 cópias. É um sucesso medonho", comemora o diretor em bom cearencês. O sucesso do filme já faz Halder pensar na continuação, mas espera ter mais orçamento e mais tempo para filmar. 


Cine Holliúdy (2013)6 fotos4 / 6
Edmilson Filho em cena de "Cine Holliúdy" (10/5/12) Divulgação
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Facilite a compreensão de uma leitura difícil
Crédito: Shutterstock.com

Mesmo para aqueles que lêem com frequência, algumas leituras podem ser mais complicadas e exigirem um esforço maior para compreendê-las por completo. Mas isso não precisa ser um problema. Sabendo os passos corretos que você deve seguir, será possível facilitar a leitura de qualquer tipo de conteúdo. Após a leitura da introdução, faça anotações sobre o que você percebeu ser importante no livro

1. Leia a introdução e reflita
Muitos livros costumam ter uma introdução que aborda os pontos principais da leitura. Sendo assim, antes de se aprofundar no texto, leia esses trechos e reflita. Dessa maneira, você poderá entender de forma mais ampla o ponto de vista do autor e compreender o foco do livro.

2. Faça anotações
Após a leitura da introdução, faça anotações sobre o que você percebeu ser importante no livro e então comece a ler o material completo. Continue anotando ou marcando nas páginas tópicos que possam ajudar na compreensão do conteúdo.

3. Preste atenção em listas
Se durante a leitura você se deparar com um trecho que diz algo como "e há três aspectos que foram marcantes na situação", fique atento. Observe com cuidado quais são esses aspectos que serão citados, já que eles podem aparecer apenas depois de alguns parágrafos e ainda separadamente, não em um formato de lista específica.

4. Anote palavras que você não entende
Algumas vezes, parar a leitura devido a palavras cujo significado você não compreende pode prejudicar o entendimento geral. Por isso, anote quando houver um termo desconhecido por você e procure pela sua definição.

5. Releia suas anotações
Se mesmo após o final da leitura você ainda não sentir que compreendeu o conteúdo por completo, releia suas anotações e, a partir delas, faça uma análise.

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FIGURAS DE LINGUAGEM E ENSINO
Afrânio Garcia (UERJ) 
Durante muito tempo, os professores de português centraram-se nos estudos de sintaxe, morfologia, fonética e variação linguística e praticamente ignoraram a semântica e a estilística, com terríveis efeitos.
As regras gramaticais, bem como as quebras dessas regras e suas variações, estão sempre atreladas ao sentido do que se quer dizer e à impressão ou emoção que queremos exprimir ou provocar. Ignorar essa premissa no estudo da sintaxe, morfologia, fonética ou variação linguística, é como edificar um monumento ignorando suas fundações e terreno.
Além disso, o estudo da linguagem desvinculado de seus aspectos semânticos e estilísticos torna-se, para usarmos uma figura de linguagem, um paradoxo, visto que estuda-se algo concreto (a língua) em termos puramente abstratos, sem considerar sua realidade objetiva (o texto).
O aluno ressente-se desta postura tão equivocada quanto monótona desenvolvendo um desinteresse, quiçá uma aversão ao estudo, emprego e fruição da língua portuguesa, limitando-se ao nível mais primário e imediato da linguagem, e perdendo toda sua riqueza expressiva, semântica e estilística.
Por que não dar aos nossos alunos o mesmo enlevo, a mesma profundidade, o mesmo arrebatamento, que nos envolve ao ler e entender José de Alencar, Aluísio Azevedo, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes, e tantos outros, mostrando-lhes a tessitura e o esplendor de suas metáforas, antíteses e prosopopeias, de suas aliterações e assonâncias, de suas anáforas e quiasmos? Ensinemos nossos alunos a deleitar-se, embrenhar-se, extasiar-se com a leitura e sozinhos,independentes e confiantes eles lograrão alcançar o domínio e perícia que tanto lhes falta no manejo da sua língua.


FIGURAS DE LINGUAGEM SEMÂNTICAS
Símile ou comparação
Consiste numa comparação explícita, com a presença do elemento comparativo: como, tal qual, igual a, feito, que nem (coloquial), etc., entre duas palavras ou expressões.
1)      Ela é bela como uma flor.
2)      Ele é esperto feito uma raposa.
3)      Ele é magro que nem um caniço.
4)      O menino manteve-se firme, tal qual uma rocha.

Metáfora
Consiste numa comparação implícita, numa relação de similaridade, entre duas palavras ou expressões.
5)      Ela é uma flor.
6)      Ele é uma raposa.
7)      Somente a Ingratidão — essa pantera —
Foi tua companheira inseparável (Augusto dos Anjos)

Metonímia
Consiste numa comparação parcial implícita, numa relação de contigüidade ou aproximação, entre o significado de uma palavra ou expressão e uma parte do significado, ou um significado associado ao, de outra palavra ou expressão.
Pode compreender relações de parte-todo, características, localização, continente-conteúdo, causa-efeito, etc.
8)      Beber um Porto.
9)      Ser vítima do latifúndio.
10)   Deixar de ser um João.
11)   Sua beleza é um avião.

 
Sinédoque
É um tipo de metonímia centrado na idéia de inclusão, normalmente baseado na relação parte-todo.
Exemplos:
12)   Conseguir um teto e um pouco de pão.
13)   Lutar pela criança e pelo velho.
14)   Tomar uma Brahma.
15)   Comprar uma gilete.

Catacrese
Consiste no emprego de um termo figurado por falta de outro termo mais apropriado. É um tipo de metonímia ou metáfora que, de tão usada, já deixou de ser considerada como tal pelos falantes.
16)   A perna da mesa
17)   O dente de alho.
18)   O pé de feijão.

Perífrase
Consiste na substituição de um termo por uma expressão que o descreva.
19)   A capital do Brasil.
20)   A cidade maravilhosa.
21)   Quando a indesejada das gentes (= morte) vier.

Antonomásia
Um tipo especial de perífrase que consiste na substituição de um nome próprio por um nome comum, ou vice-versa, ou ainda pela denominação de alguém por meio de suas características principais ou por fatos marcantes de sua vida.
22)   O Poeta dos Escravos.
23)   A Redentora.
24)   Ele é um D. Juan.

 
Antítese
Quando uma idéia se opõe a outra, sem impedi-la nem torná-la absurda. As idéias em si podem ser diametralmente opostas e até excludentes.
25)   Estava mais morto do que vivo.
26)   De repente, do riso fez-se o pranto.
27)   Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão

Paradoxo
É a antítese extremada, em que duas idéias que se excluem são apresentadas como ocorrendo ao mesmo tempo e no mesmo contexto, o que gera uma situação impossível, uma idéia absurda.
28)   Amor é ferida que dói e não se sente.
29)   É um contentamento descontente.
30)   Quer abrir a porta
Não existe porta.

Litotes
Consiste na afirmação de alguma coisa pela negação do seu contrário.
31)   Não é feia a pequerrucha. (= é bonita)
32)   Ele não era nada bobo. (= era esperto)
33)   Ela não era nenhuma miss Brasil. (= era feia)

Antífrase
Consiste em se afirmar exatamente o contrário do que se quer dizer; geralmente é um tipo de ironia.
34)   Chegou cedo, heim! (para alguém atrasado)
35)   Muito bonito, seu Fulano! (quando alguém acabou de cometer um erro ou disparate)
36)   Coisinha linda! (para uma pessoa muito feia)

 
Ironia
Figura de linguagem na qual aquilo que se diz não corresponde exatamente ao que se quer dizer, com intuito jocoso, cômico ou crítico.
37)   Oba, jiló de novo!
38)   Como escritor, ele é um ótimo guitarrista!
39)   — Posso tentar o pneumotórax, doutor?
— Não, só resta cantar um tango argentino!

Sarcasmo
É o nome que se dá à ironia usada com intuito ofensivo, agressivo ou malévolo.
40)   Tá linda de vermelho, parecendo um caqui.
41)   Nossa, como ela é inteligente. Sabe até ler!
42)   Ele tem dentes lindos, todos três!

Alusão ou citação
Quando um autor se vale de trechos, imagens ou personagens de um outro autor para a confecção de sua obra.
43)   E quando escutar um samba-canção
Assim como Eu preciso aprender a ser só
Reagir e ouvir o coração responder:
Eu preciso aprender a só ser
44)   Elementar, meu caro aluno!

Clichê ou frase-feita
Consiste no uso de uma expressão popular de uso geral dentro da obra de um autor.
45)    Quem tudo quer, tudo perde.
46)    Pouco com Deus é muito.
47)    Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.

 
Paródia
Consiste na modificação de trecho ou obra de um outro autor, ou ainda de um clichê, com intuito jocoso, cômico ou crítico.
48)   Qual a diferença entre o charme e o “funk”?
Um é de analfabeto, outro de ignorante.
49)   Água mole em pedra dura, tanto bate até que a água desiste.
50)   Ó pátria amada, em dólares atada,
Salve-se, salve-se.

Ambiguidade
Figura de linguagem em que um determinado trecho pode ser interpretado de duas ou mais maneiras diferentes, por efeito da anfibologia ou do uso de polissemias ou homônimos. A ambiguidade muitas vezes é um vício de linguagem, mas também pode ser um valioso recurso estilístico, na medida em que ela abre o texto para duas ou mais interpretações.
51)   Márcio foi à casa de Pedro e beijou sua mulher.
52)   A mãe da aniversariante deu bolo.
53)   Sou a favor do Vale do Paraíba. Afinal, já temos o vale-transporte, o vale-idoso, por que não favorecer nossos irmãos do Nordeste? (resposta do Vestibular)
54)   Eu sou, eu fui, eu vou! (Raul Seixas)

Reiteração
Quando se repete uma ideia, quer por meio de um sinônimo ou expressão sinônima, quer por meio de uma palavra cujo significado esteja de alguma forma associado ao significado da primeira palavra ou expressão.
55)   Era uma mulher fina, uma verdadeira dama.
56)   Não suba nessa árvore. Você pode cair do galho.
57)   Era uma vítima do imperialismo. O latifúndio o sugava, roubava-lhe tudo que tinha.
Obs.: não confundir a reiteração, de grande valor estilístico, com a iteração, que é a simples repetição de uma palavra ou sua repetição por meio de um pronome-cópia, geralmente sem qualquer valor estilístico.

Gradação
Muitas vezes, a reiteração se ordena numa escala de grandeza ou de intensidade, constituindo uma gradação, que pode ser ascendente (do menos para o mais) ou descendente (do mais para o menos).
58)   Estava pobre, quebrado, miserável.
59)   A mulher, linda na obscuridade, revelou-se bonitinha, apenas simpática na claridade.
60)   Casa, cidade, nação (Ferreira Gullar)

Pleonasmo
Consiste na repetição desnecessária, por meio de um sinônimo ou expressão sinônima, de uma ideia já expressa de maneira completa.
61)   Palavras de baixo calão.
62)   Este filme é baseado em fatos reais.
63)   Houve divergências de opiniões e controvérsias.

Tautologia
É um tipo de pleonasmo exagerado, extremamente óbvio, que chega a causar espanto em quem escuta. Ao contrário do pleonasmo puro e simples, a tautologia pode ter grande valor estilístico, na medida em que opõe o que é ao que deveria ou poderia ser.
Exemplos:
64)   Os mortos não estão vivos.
65)   A Lapa vai voltar a ser a Lapa.
66)   A conclusão deve concluir.

 
Prosopopeia
Quando um ser inanimado é representado como um animal ou quando um ser inanimado ou um animal é representado como um ser humano. No primeiro caso, a prosopopeia é chamada de animismo (exemplos 101 e 102) e no segundo caso, de personificação ou antropomorfização exemplos 103 e 104).
67)   O vento rugia.
68)   Meu cachorro me sorriu latindo.
69)   O Lobo Mau e os Três Porquinhos.

Animalização ou zoomorfismo
Quando um ser humano é descrito como se assemelhando a um animal, pelas suas características, funções, aparência física, etc. Muito usado na ficção mais moderna.
70)   Um homem vai devagar
Um cachorro vai devagar
Um burro vai devagar (Drummond)
71)   Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. (. . .) via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. (Aluíso Azevedo)

Alegoria
Consiste na representação de um conceito abstrato como um ser concreto e animado, uma imagem de grande valor pictórico, geralmente humana.
72)   uma caveira com uma foice — alegoria da morte
73)   uma mulher vendada com uma espada numa mão e uma balança na outra — alegoria da justiça
74)   Papai Noel — alegoria do Natal

 
Sinestesia
Consiste na associação de palavras referentes a dois sentidos distintos: audição e visão, visão e tato, tato e paladar, paladar e olfato, etc.
75)   Sentiu um toque doce.
76)   Era uma visão amarga.
77)   Ele tinha uma voz sombria.

Eufemismo
Consiste na substituição de um termo desagradável ou inaceitável por um termo mais agradável ou aceitável.
78)   Ele não está mais entre nós. (= morreu)
79)   Já era um senhor. (= velho)
80)   Era pouco chegado a higiene. (= sujo)

Disfemismo
Ao contrário do eufemismo, consiste na intensificação do caráter desagradável ou pejorativo de um expressão, substituindo-a por outra mais ofensiva ou humilhante.
81)   rolha-de-poço (= pessoa gorda)
82)   pintor-de-rodapé (= pessoa baixa)

Hipérbole
Consiste no exagero ao se afirmar alguma coisa, com intuito emocional ou de ênfase.
83)   Subi mais de mil e oitocentas colinas.
84)   Chorar um rio de lágrimas.

 
Hipálage
Recurso sintático-semântico que consiste em atribuir a um ser ou coisa uma ação ou qualidade que pertence a outro ser ou outra coisa presente ou subentendido no texto.
85)   a buzina impaciente do carro (o motorista é que é impaciente, não o carro ou a buzina)
86)   as vizinhas das janelas fofoqueiras (são as vizinhas que são fofoqueiras, não as janelas)
87)   o vôo negro dos urubus (são os urubus que são negros, não seu vôo)



FIGURAS VARIACIONAIS
Eruditismo
Consiste no uso de palavras eruditas, de conhecimento restrito, para despertar a atenção do autor ou para criar um efeito de intelectualidade, erudição, pedantismo.
88)   Isto é despiciendo. (= desprezível)
89)   Entre o Frango e a Fome,
Há o cristal infrangível da Lei (= inquebrável)
90)   tálamo (= leito nupcial)
91)   imarcescíveis (= que não murcham)

Neologismo
Consiste no uso de um termo inventado para criar um efeito estilístico (emotivo, satírico, crítico, etc.) ou por não haver ainda uma palavra que represente nossa idéia.
92)   organizações pilantrópicas (Betinho)
93)   A constituição é imexível.
94)   vervudo (que tem verve)

Estrangeirismo
A utilização de um termo estrangeiro tem três funções importantíssimas: em primeiro lugar, ele constitui a maneira mais fácil de despertar a atenção do leitor; em segundo lugar, ele evoca uma série de conceitos associados ao país ou cultura ao qual otermo pertence; em terceiro lugar, ele serve para expressar nuances de significado inexistentes na língua original.
95)   Mon bien aimé, Raymond. (Aluísio Azevedo)
96)   Ele tem élan. (= competência associada a elegância, saber fazer bem e com graça)
97)   É preciso um know-how que nós não temos.

Plebeísmo
Uso de palavras condizentes com as camadas menos cultas da sociedade: gírias, palavras de caráter geral, frases vazias ou de pouco brilho etc.
98)   “Cada um com seu cada um!”
99)   “O amor é lindo, o que estraga é a falsidade.”
100)      Vou “dar no pé”, senão “sobra” para mim.

Vulgarismo
Abrangeria apenas os palavrões e as palavras decididamente ofensivas e grosseiras. Pode ser usado estilisticamente, para evidenciar o tipo de relações numa determinada comunidade.
101) Maria Carne-Mole (Aluísio Azevedo)
102) Vá te catar!

Arcaísmo
Uso de palavras desusadas para criar um clima passadista, histórico num determinado texto. Atualmente, a maioria dos teóricos da literatura considera-o um vício.
103) boticário (= farmacêutico)
104) Vosmicê (= você)

Regionalismo
Uso de palavras dialetais para dar uma cor local, um ambiente regional ao texto.
105)A usina está de fogo-morto. (= parada)
106)Vadinho, este é um cara porreta. (= bacana)



FIGURAS DE LINGUAGEM MORFOSSINTÁTICAS
Anominação
Consiste em empregar ou criar várias palavras com um mesmo radical.
107)chuva, chuvosa, chuventa, chuvadeira, pluvimedonha.
108)E canários cantando e beija-flores beijando flores e camarões camaronando e caranguejos caranguejando, tudo que é pequenino e não morde pequeninando e não mordendo. (Monteiro Lobato)

Elipse
Consiste na supressão de parte da frase; usada por bons autores, intensifica e valoriza a porção restante do discurso.
109) Ontem você estava tão linda
Que o meu corpo chegou
110) Um galo sozinho não tece uma manhã:
Ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
E o lance a outro; de um outro galo
Que apanhe o grito que um galo antes

Zeugma
Consiste na supressão do verbo; é uma característica compartilhada pela estilística literária e pela estilística da fala, onde ocorre freqüentemente.
111) Vieira vivia para fora, para a cidade, para a corte, para o mundo; Bernardes para a cela, para si, para o seu coração.

Anáfora
Consiste na repetição de palavra no início de frases (ou versos) seguidas ou muito próximas.
112) Você – manhã, um sonho meu
Você – que cedo entardeceu
Você – de quem a vida eu sou
113) Pensem nas crianças mudas telepáticas
Pensem nas meninas cegas inexatas
Pensem nas mulheres rotas alteradas

Epístrofe
Consiste na repetição de palavra no fim de frases (ou versos) seguidas ou muito próximas.
114) Nunca morrer assim! Nunca morrer num dia /
– Assim! de um sol assim!"
Epanadiplose ou anadiplose
Consiste na repetição de uma palavra ou expressão no fim de uma frase (ou verso) e no começo de outra.
115) Só não roeu o imortal soluço que rebentava,
Que rebentava daquelas páginas
116) Tu choraste em presença da morte
Em presença da morte choraste

Quiasmo
Consiste na repetição de uma palavra ou expressão no início de uma frase (ou verso) e no fim da seguinte, ao mesmo tempo em que se repete a palavra ou expressão do término de uma frase (ou verso) no começo da seguinte.
117) No meio do caminho havia uma pedra
Havia uma pedra no meio do caminho

   


FIGURAS DE LINGUAGEM FÔNICAS
Rima e Homeoteleuto
Consistem na identidade de som na terminação de duas ou mais palavras; chama-se rima quando ocorre na poesia e homeoteleuto quando ocorre na prosa. O homeoteleuto é muito comum nos ditados populares.
118) Nós dois... e, entre nós dois, implacável e forte,
A arredar-me de ti, cada vez mais, a morte...
119)      Mais vale uem Deus ajuda, do que quem cedo madruga

Aliteração
Consiste na repetição de sons consonantais.
120) Vozes veladas, veludosas vozes
Volúpia de violões, vozes veladas

Assonância
Consiste na repetição de vogais.
121) São prantos negros de fumas
Caladas, mudas, soturnas.
122) Tíbios flautins finíssimos gritavam.

Homônimos e Expressões Homófonas
Consiste no uso de palavras ou expressões que soam de maneira idêntica, mas têm significados distintos.
123) Sei o que dou e o que tomo,
Sei o que como, e como.
124) O rio é o mesmo rio, mas não é o mesmo rio.

Parônimos
Consiste no uso de palavras que soam de maneira semelhante.
125) O poema é dúbia forma de enlace,
substitui o pênis pelo lápis
— e é lapso.
126)  Me dê paciência para que eu não caia
Para que eu não pare nesta existência
Tão mal cumprida tão mais comprida

Onomatopéia
Consiste na imitação dos sons da natureza.
127) Cocoró-corococó, cocoró-corococó,
O galo tem saudade da galinha carijó
128) A menina não fazia outra coisa senão chupar jabuticabas...Escolhia as mais bonitas, punhas entre os dentes e tloque. E depois do tloque, uma engolidinha do caldo e plufe! caroço fora. E tloque, tloque, plufe, tloque, plufe, lá passava o dia inteiro naárvore. (Monteiro Lobato)

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